Há coisas maiores para se apaixonar
“Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”. A frase não é minha, é de Nelson Rodrigues, jornalista, dramaturgo e cronista pernambucano que, se vivo fosse, faria hoje 106 anos. Ele morreu em 21 de dezembro de 1980, aos 68 anos.
Exatamente 38 anos depois de sua morte, a frase proferida há décadas me parece bem atual. Este ano eleitoral, que se apresentava desde o seu início conturbado, politicamente, será finalizado com mais um capítulo exemplar da expressão inicialmente citada.
Senso crítico frágil, insensatez, extremismo e a criação de um herói salvador da pátria e solucionador de todos os problemas, não me parecem ser o melhor caminho, seja ele pela direita ou pela esquerda.
O endeusamento político é um perigo. Transformar qualquer agente político em super herói é um erro crasso, comprometedor. É, em certa medida, uma tentativa também de se isentar da responsabilidade da vigilância e cobrança que deve seguir cada voto.
O dedo na tecla verde, em outubro, não significa, em hipótese alguma, o final da nossa parcela no processo democrático. Muito pelo contrário, aquele ato é apenas uma parcela, dentro de um conjunto gigante de responsabilidades, onde o amor incondicional não é prioritário.
Não podemos fugir da responsabilidade de vigiar, estar atento sempre. Isso inclui, sobretudo, não ir contra a própria consciência e reconhecer possíveis erros dos nossos escolhidos. Na política, não existe máquina infalível, super-homem ou semi-deus.
Se você é do tipo que aceita uma recomendação, para 2019, guarde seus sentimentos amorosos para amigos e familiares. Aos políticos, respeito e compromisso na vigilância por seus atos, já será de bom tamanho.
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