“Eu vejo como uma prática errada aqueles que fazem da política um meio de sobrevivência” – afirma estudante Léo Figueirôa
O Blog do Ney Lima publica sua segunda entrevista da série “Novos perfis na política santa-cruzense”. O intuito da série é mostrar a linha de pensamento de aspirantes a cargos eletivos em Santa Cruz, mas que tragam consigo novas ideias e discussões, independente de ala partidária, de idade ou sexo.
Para esta semana, traremos o que pensa o estudante universitário Leonardo Figueirôa Bezerra, que deseja uma vaga na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Capibaribe, em 2016.
Confira a entrevista:
Blog – Como que despertou em você o interesse pela política?
Léo – Primeiro: foi a participação ativa e intensa nos bastidores desde o ano de 2006; segundo: tem uma gama de pessoas, não só jovens mas também adultos, no qual eu apresento as minhas ideias, que me apoiam e que, por várias vezes, me questionam. Então, porque não tentar representa-los na Câmara?! Sem sombra de dúvidas, a maior delas que me despertou é a renovação e, quando eu falo em renovação na Câmara, não é só em relação a idade ou caras novas, mas sim nas ideias, pensamentos novos e que possam mudar o jeito de conduzir a casa e que possam visar o bem da população em Santa Cruz do Capibaribe não só de uma ala, mas para todos.
Blog – Você falou uma palavra que é muito levantada em Santa Cruz e que se chama “renovação”. Qual seria essa sua ideia de renovação para a política em Santa Cruz?
Léo – São muitas caras novas na Câmara, mas as mesmas práticas velhas, ou seja: são pessoas novas que tem mandato; que fazem sua campanha, seu discurso de renovação e chegam lá fazendo outra coisa completamente diferente. Vão para as práticas antigas, aquele mesmo barulho que é na tribuna e não pensam em Projetos de Lei que possam beneficiar a cidade ou tentar estruturar alguma coisa que vise o bem-estar. Sou universitário, sei a dificuldade, estou convivendo com a realidade de como é difícil ser universitário aqui em Santa Cruz e quero chegar a Câmara, mesmo ela sendo uma casa legislativa, mas também para lutar para que um dia eu possa ver uma universidade pública aqui. Mesmo fazendo parte do Legislativo e não do Executivo, quero chegar lá para que jovens como eu não passem pelo que estou passando agora. Para mim, renovação na Câmara são as ideias novas, Projetos de Lei que visem o bem-estar da população e não só chegar na tribuna e brigar pelo lado A ou B e fazer todo aquele barulho.
Blog – Vivemos numa cidade em que a maioria de seus eleitores ainda são partidários e que mesmo que algum candidato tenha alguma boa proposta, acaba não recebendo o voto por pertencer a uma ala adversária. O que você tem a dizer sobre essa questão partidária e o que precisa ser feito para transformá-la em amadurecimento político da população?
Léo – Essa questão partidária nos atrapalha muito, o que, na minha opinião, isso já era para ter acabado, arrancado isso da cidade há muito tempo. Vejo pessoas novas, jovens como eu, que podem mostrar isso a população, que podem chegar, explicar, mostrar as pessoas que isso apenas atrapalha a cidade. Erradicando isso, teremos uma cidade bem melhor.
Blog – Você pregando essa proposta de acabar com esse partidarismo na população, você não acha que isso dificultaria a sua busca pelo voto, já que você pertence a uma das alas políticas?
Léo – Não vejo que isso possa me atrapalhar na busca pelo voto, até porque com essas ideias novas, posturas novas, aqueles que pertencem a uma ou outra ala partidária, reconhecendo, amadurecendo, esquecendo o partidarismo, elas vão votar naquele que pensa em uma situação melhor para a cidade.
Blog – Sobre a atual Câmara de Santa Cruz do Capibaribe; ela lhe representa como cidadão?
Léo – O que vejo hoje são políticos que vão para uma tribuna. A ala de Oposição apresenta denúncias, criticam o que está errado ou parabenizar aquilo que estiver certo. A Situação, por causa de seu partidarismo, vai defender a sua ala. Eu vejo a Câmara de hoje parcialmente me representando, pois vejo práticas que me agradam, mas que também repudio. Vejo alguns projetos que são interessantes, mas uma parcela de culpa do que lá acontece também é da população, onde você vai para uma sessão na Câmara e, na hora dos vereadores usarem da tribuna, se vê um plenário praticamente lotado, cheio de gente, mas quando chega a hora que interessa, de apresentar projetos de lei que são aprovados ou não, o plenário fica sempre vazio.
Blog – Como você vê o atual momento político de Santa Cruz do Capibaribe, tanto na ala de Oposição como de Situação?
Léo – O momento político de Santa Cruz, infelizmente, está no partidarismo. Vejo a Situação tentando melhorar, de certa forma correndo atrás, tentando melhorar de certa forma o que está errado; a Oposição indo atrás de denúncias, buscando coisas que não estão certas e denunciando, mas para mim esse momento atual de nossa política precisa de jovens que, assim como eu, possamos mudar isso.
Blog – Você é sobrinho de uma liderança que já esteve no lado da Oposição e que agora está no lado de Situação, falo do ex-prefeito Toinho do Pará (PHS). Muitos dizem que sua candidatura está atrelada a decisão de Toinho em disputar o cargo de vereador. Seu projeto de candidatura vai sair, independente dele ser candidato?
Léo – Sou sobrinho de Toinho, uma boa parte da população tem conhecimento disso, mas quero deixar bem claro que, nas últimas semanas, temos tido várias conversas com toda a minha família. Estou em uma faculdade; são cinco anos de estudo e já terminei a metade e o que Toinho tem me incentivado é a terminar meus estudos, seguir minha carreira profissional e futuramente, se despertar o interesse de novo (em disputar um cargo) ele me apoia nessa decisão. Nessas conversas e reuniões, ele deixou claro por ser sobrinho dele, por ser da família, ele não vai deixar de me dar apoio mas quero deixar claro que, mesmo sendo candidato ou não, minha postura é diferente da dele. Ouvi alguns comentaristas políticos dizerem que, seu eu chegasse a Câmara, eu seria manipulado por Toinho ou seria uma voz dele… Quero dizer que ele tem as opiniões dele, tem as ideias dele, a postura dele e eu tenho as minhas.
Blog – Insistindo na pergunta, a sua candidatura depende que Toinho não se candidate ao cargo de vereador ou a assumir uma vaga na Alepe, já que ele é suplente?
Léo – Eu vejo que duas candidaturas, em uma mesma família, não seja algo tão viável. Se ele for candidato, eu posso esperar para, no futuro, tentar ingressar e, senão, ele vai me apoiar como já explicou, mas sempre me incentivado a esperar um pouco mais. Deixando claro: ele sendo candidato, eu posso ser também e posso não ser porque seja inviável que duas pessoas tão próximas possam disputar o mesmo pleito.
Blog – Como você vê atribuições de escândalos supostamente cometidos pelas principais lideranças políticas de hoje, falo do prefeito Edson Vieira (PSDB) no caso da KMC Locadora e do ex-deputado federal José Augusto Maia (PROS) no caso da merenda?
Léo – Eu vejo nessas situações a necessidade de uma renovação no quadro político da cidade porque vemos que tanto José Augusto como Edson Vieira têm uma boa quantidade de mandatos na cidade e que, infelizmente, querendo ou não, sempre acabam se envolvendo em alguns escândalos, em algumas coisas que, de certa forma, não são corretas. Isso também é um fator que me motivou a buscar esses novos nomes, novas ideias e posturas para poder aplicá-las na cidade.
Blog – O que você vê sobre os políticos de carreira, aqueles que vivem apenas de política?
Léo – Para mim é um absurdo. Eu vejo como uma prática errada aqueles que fazem da política um meio de sobrevivência. Para mim, o político não está lá para receber seu salário ou ganhar seu dinheiro, mas independente do cargo, ele foi eleito para representar a população. Aqueles que fazem da política um meio de sobrevivência não deveriam fazer isso. Isso vale para as duas alas.
Blog – Para finalizar, qual o real papel do vereador?
Léo – Vejo o vereador como o político mais próximo da população; que convive mais diariamente com os problemas da cidade, com os problemas da população. Não vejo que o vereador tem que representar apenas uma ala política, defender ou acusar porque é situação ou oposição, mas representar a população. Ele não pode chegar a tribuna para fazer barulho, mas ele é eleito para representar o povo, para ser atuante, que possa chegar com os problemas na Câmara e que possa solucioná-los.