O prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Fábio Aragão (PP), em entrevista à rádio Polo na manhã desta segunda-feira (10), foi questionado sobre a ocupação de um terreno público próximo a Feira de Gado por parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, e afirmou que o caso está na justiça. No domingo (9), o MTST emitiu uma nota de repúdio ao gestor, alegando falta de diálogo.
“Nós tivemos uma reunião lá perto de onde foi a invasão. A gente é uma gestão democrática, aberta e estamos abertos ao diálogo. Mas, a partir do momento em que a gente tinha um acordo verbal, a gente tinha conversado que ia receber a relação das famílias que precisavam e que nós iriamos tentar ver um terreno, e isso ficou acordado que até dezembro a gente ia dar uma posição, aí ocorreu a invasão. A partir desse momento virou uma questão de justiça”, relatou o prefeito.
O gestor municipal disse ainda que nos próximos dias acontecerá uma audiência para tratar sobre o caso.
“Já está marcado uma audiência na justiça com o juiz, para que a gente possa conversar e chegar em um entendimento, agora isso vai ser feito mediante a mediação da justiça, do juiz de direito. Não tem problema de a gente conversar com o juiz, é bom, porque o que fica lá, fica acordado e fica registrado. Então vamos ter essa audiência nos próximos dias, eles (o movimento) têm ciência disso”, afirmou Fábio Aragão.
NOTA MTST
O MTST, filiado à União Nacional por Moradia Popular, repudia veementemente a atitude do prefeito Fábio Aragão, de Santa Cruz do Capibaribe, em se negar a dialogar com o movimento que agora em fevereiro completará 22 anos de história de muita luta, ocupação e, sobretudo, construção de aproximadamente 10 mil moradias populares, conquistadas na luta diária de seus dirigentes, filiados e filadas.
Desde dezembro de 2021, cerca de 300 famílias estão na luta para tentar obter um terreno da prefeitura que não cumpre sua função social, e estava abandonada apenas para fins de especulação imobiliária ou para fazer favores aos seus pares no futuro próximo. Até o presente momento, o prefeito Fábio Aragão simplesmente ignorou o pedido da campanha Despejo Zero, que até com o Ministro Barroso sentou para impedir que durante a pandemia seja suspensa toda reintegração de posse no território nacional.
O prefeito Fábio Aragão ignorou o pedido do Movimento Nacional de Direitos Humanos, atuante em todo território nacional, para se buscar o entendimento através do diálogo franco e fraterno com a direção do movimento.
O prefeito Fábio Aragão ignorou o pedido da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, para que fosse aberto diálogo com o movimento, e o mesmo continuou a ignorar, desrespeitando a presidência desta respeitosa comissão (deputadas Juntas).
O povo de Santa Cruz do Capibaribe estranha um prefeito tão jovem com um comportamento rude, anti republicano, desumano e antidemocrático, que se nega constante e reiteradamente a dialogar conosco. O movimento reconhece o esforço do secretário Jason Lagos, que vem tentando também abrir este diálogo, mas o prefeito se nega a conversar com pessoas que simplesmente lutam dignamente por uma moradia, direito este garantido no artigo 6° da Constituição da República Federativa do Brasil.
O movimento repudia a atitude do Fábio Aragão, que diz ser movido por princípios democráticos e cristãos, em querer resolver o problema público ordenando o Batalhão de Choque fazer uso da violência estatal em cima das nossas crianças, jovens, adultos e idosos, que muitos desses, no dia da eleição, lhe depositaram sua confiança através do voto, e o respectivo mandato de prefeito de Santa Cruz do Capibaribe.
A nossa luta sempre será pela busca do diálogo, da pressão política, da denúncia e também de construção de pontes com prefeitos e prefeitas que tenham a cultura política de diálogo e preservar a tão jovem democracia brasileira.