“Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho e nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”.
O texto, de autoria de Eduardo Alves da Costa, serve de reflexão quanto ao silêncio destrutivo. Assim como em toda a vida, na política a falta de reação pode resultar em consequências incorrigíveis. Está sendo assim com a carreira política de Helinho Aragão.
Vereador por dois mandatos, Helinho se encontrou pela segunda vez com a face mais perversa do poder: a traição. Na política, as pessoas são usadas. São como peças de um xadrez, composto por personagens que vão desde o rei aos peões.
Em 2018, Helinho contrariou a maior parte dos vereadores de seu grupo e seguiu junto a José Augusto Maia, caminhando com seu filho Tallys Maia em uma campanha sem viabilidade eleitoral. No mesmo ano, foi articulado para ser presidente da Câmara, mas foi feito de bobo da corte minutos antes da eleição.
Agora, em 2020, uma jogada parecida aconteceu. Diogo Moraes, junto ao “mesmo Zé”, conduziram Helinho por meses rumo a uma pré-candidatura fictícia. Imprensa e observadores sinalizaram por meses o desfecho que se confirmou com o cheque mate dos seus planos políticos.
Passaram-se 20 dias e Helinho silenciou. Junto ao silêncio, a exposta mutilação da sua carreira política parece gritar aos quatro cantos da cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Nem uma nota os seus pretensos eleitores receberam sobre o que teria acontecido com o pré-candidato do PSB.
Na política, não dá pra culpar adversários pelas derrotas, muito menos culpar os aliados, especialmente quando não se sabe jogar. No tabuleiro, faz-se necessário o domínio dos fatos, liderança e reação.
O que faltou a Helinho? Faltou deixar de ser vítima das circunstâncias para ser senhor do seu próprio destino.
Por Ney Lima