O acordão
Como superar a crise política brasileira? A superação da crise requer a diminuição do ritmo da Lava Jato ou o fim dela. Portanto, para findar com a crise, diversos atores precisarão agir contrariamente as ações da Lava Jato.
Desde o ano passado sugiro a hipótese de que a diversidade de atores trazidos à tona em razão da Lava Jato freia o impeachment da presidente Dilma. Recentemente, a imprensa divulgou lista com mais de 200 nomes de políticos que receberam doações ilegais ou não. Tal notícia contribuiu para comprovar a minha hipótese. Hoje, o sentimento em parte da classe política é de medo. E o sentimento na opinião pública é de decepção.
Os políticos temem a Lava Jato porque sabem que não existe nenhuma novidade nos fatos trazidos à tona por ela. Inicialmente, diversos atores políticos acreditaram que a Lava Jato só atingiria o PT, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma. Miopia exacerbada. A Lava Jato desvenda os mecanismos de parte da política brasileira. E tais mecanismos, por serem tradicionais, não são encarados como imorais. Fazem parte do ambiente político.
Se os políticos temem a Lava Jato, qual é a melhor opção neste instante? Findar ou frear as ações da Lava Jato. Os atores políticos têm a opção de construir um acordão. Para ele acontecer, a primeira possibilidade é o impeachment da presidente Dilma. Com isto, surge o novo governo liderado por Michel Temer. Temer tem condições de dialogar com o Supremo Tribunal Federal (STF) e este agir como poder moderador no conflito políticos versus Lava Jato. Com o novo governo, atores serão nomeados para o ministério da Justiça e para a Polícia Federal com o objetivo de “controlar” a Lava Jato.
A outra opção é o não impeachment de Dilma. A presidente e o ex-presidente Lula agirão para controlar a Lava Jato. A oposição ficará retraída, pois o temor à Lava Jato a motiva para isto. O STF será o poder moderador. E a presidente Dilma e Lula passam a ser os atores estratégicos que têm a missão de frear a Lava Jato e de conduzir o país para a superação da crise.
As duas opções apresentadas são factíveis. Contudo, indago: (1) Caso a presidente Dilma seja impedida de continuar a governar, o PT, liderado por Lula, aceitará a perda de força da Lava Jato? (2) É possível, em ambas as possibilidades apresentadas, frear as ações da Lava Jato? Mais uma vez afirmo: a saída para a crise passa, obrigatoriamente, pelo o enfraquecimento da operação Lava Jato. Ou seja: por um grande acordão.
As opiniões aqui expressas são de responsabilidade de seu idealizador