A falta de repasses por parte do governo federal poderá levar à paralisação das obras da Adutora do Agreste, maior projeto hídrico do estado. Isso porque as empreiteiras não estão mais conseguindo honrar os compromissos assumidos para executar os serviços e já repassaram para o presidente da Compesa, Roberto Tavares, um pedido de suspensão dos serviços.
“Pedi para que segurem até o dia 10 (de dezembro) para ver se a gente consegue algum recurso para manter essa obra ativa”, destacou Tavares. “Estamos muito próximo de colocar água no Agreste. Tenho condições de implementar um ritmo na obra para chegar água nos municípios em três meses”, previu o presidente da Compesa.
Essa expectativa, no entanto, está distante de acontecer. Segundo Tavares, a meta era de concluir o serviço em dezembro deste ano. “Mas para isso os repasses precisariam ter sido condizentes”. Ao contrário disso, em 2017 foram repassadas apenas três parcelas de recursos.
A primeira, em março (R$ 16 milhões); a segunda, em julho (R$ 40 milhões); e a terceira, em outubro (R$ 11 milhões), totalizando R$ 67,7 milhões.
“Então, quando deveríamos chegar ao auge da obra e pedir para as empreiteiras pisar no acelerador, eles tiveram que pisar no freio”, lamentou.
Para mostrar o atraso no cronograma por parte do governo federal, Roberto Tavares lembrou que, em 2016, foram repassados R$ 136 milhões para a Adutora do Agreste, quando, neste ano, caiu para metade da verba. Até agora, segundo apontou, já foram repassados R$ 680 milhões, mas ainda restam R$ 570 milhões para concluir o projeto.
“A nossa dívida com os fornecedores já chega a R$ 50 milhões. Isso mostra que, se chegar uma parcela nesse valor, só vou conseguir zerar a dívida”, ponderou, acrescentando que o pacto feito com o Ministério da Integração para 2017 era de um repasse de R$ 360 milhões.
A esperança do presidente da Compesa são emendas de bancada que, atendendo um pedido do governador Paulo Câmara (PSB), os deputados federais destinaram as propostas para a adutora. O total é de R$ 164 milhões.
“Mas já fique sabendo que pode haver contingenciamento e bloqueios e esse valor pode cair para R$ 113 milhões”, falou ele.
Tavares advertiu, ainda, que uma paralisação da obra vai desempregar 400 pessoas em uma região já castigada pela seca e passará a sofrer também com o desemprego.
“Quem passa pela vida pública tem que deixar um legado. Estamos fechando o ano com o menor repasse desde o início do projeto. Então, o legado que a gente tem, de ter ministros pernambucanos participando do governo, foi o de ter um ano como o pior de todos”, finalizou.
Fonte: Diário de Pernambuco