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Relatório do Cenipa aponta falha humana no acidente que matou ex-governador, pilotos e comitiva
Na tarde desta terça-feira (18) foi divulgado o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre o acidente aéreo que matou o ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Além do ex-governador, que também era candidato à presidência, morreram os pilotos Marcos Martins e Geraldo Magela e também os assessores Pedro Valadares, Marcelo Lira, Carlos Percol e o fotógrafo Alexandre Severo, que faziam parte de sua comitiva.
De acordo com as informações do relatório, não se precisou um motivo específico que causasse a queda do avião no litoral paulista em 13 de agosto de 2014, mas que, segundo a FAB, uma série de fatores pode ter contribuído para que o acidente acontecesse.
Falha humana é colocada como principal fator no conjunto de possibilidades apontadas pelo Cenipa
Entre os fatores citados estão a pouca visibilidade da pista dadas as condições meteorológicas (chovia muito no dia do acidente), uma possível desorientação espacial por parte dos pilotos, além de procedimentos inadequados que teriam sido tomados por eles durante a tentativa de aterrissagem da aeronave.
Ainda de acordo com as informações, o advogado Josmeyr Oliveira, que representa as famílias dos pilotos mortos, relatou que as mesmas não ficaram satisfeitas com o resultado das investigações.
Segundo o advogado, as famílias afirmaram que o relatório simplesmente jogaria a responsabilidade da tragédia aos profissionais e não vislumbraria a possibilidade de que falhas na aeronave possam ter acontecido.
Segundo o Cenipa, um outro ponto que chamou a atenção, e que já havia sido mencionado em outras oportunidades antes do relatório final, é que partes do jato Cessna que comandadas pelos pilotos na redução de velocidade da aeronave estavam completamente fechadas, algo que seria diferente em um procedimento comum de aterrissagem.
Questionado se tais fatores não poderiam ter acontecido em virtude de alguma falha técnica, o Cenipa descartou, já que segundo o órgão ligado a FAB, os sistemas hidráulico, pneumático, de pressurização, de combustível e de piloto automático não apresentavam anormalidades.
Outros pontos afirmados pelo Cenipa é que os dois pilotos poderiam também estar com elevado grau de estresse e estariam com uma jornada de trabalho além do recomendado, além deles não terem a habilitação, segundo o órgão, necessária para operar o jato Cessna (modelo C560XLS+), mas sim os modelos anteriores da aeronave: Cessna C560 Encore ou C560 Encore+.
Vale ressaltar que, de acordo com a Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac) os pilotos tinham os requisitos para pilotar jatos da família Cessna.
Confira o resumo dos pontos expostos pelo Cenipa e que foram publicados no portal de notícias G1:
– Indisciplina de voo: o Cenipa aponta que, sem motivo conhecido, houve um desvio da aeronave no momento da descida.
– Atitude dos pilotos: no momento de aproximação do solo, o fato de os pilotos terem feito um trajeto diferente do programado mostra que eles não aderiram aos procedimentos previstos, o que terminou gerando a necessidade de arremeter (procedimento adotado quanto o piloto não consegue posicionar corretamente a aeronave a pista ou estar com a velocidade maior que a adequada).
– Condições meteorológicas adversas: segundo o Cenipa, as condições do tempo “estavam próximas dos mínimos de segurança”, mas isso, por si só, não implicava riscos à operação. De acordo com o órgão, os pilotos deveriam ter consultado o boletim meteorológico mais recente, pouco antes da decolagem.
– Desorientação: de acordo com o Cenipa, estavam presentes no momento da colisão diversas condições que eram favoráveis a uma desorientação espacial, como redução da visibilidade em função das condições meteorológicas, estresse e aumento da carga de trabalho em função da realização da arremetida, falta de treinamento adequado e uma possível perda da consciência situacional, entre outros motivos.