Segundo consta do livro de 2 Crônicas Cap.9, no Antigo Testamento, uma das visitas mais ilustres recebidas por um Rei de Israel foi a da Rainha de Sabá. O texto bíblico dá conta de que “nunca se viram tantas e tais especiarias como as que a rainha deu ao Rei Salomão”. Essa célebre soberana também consta no Alcorão e nos relatos históricos da Etiópia e do Iémen, possivelmente estamos falando de uma mulher negra, linda, poderosa e sábia. A razão da sua ida a Israel se deu pela fama da SABEDORIA de Salomão, que era o maior de todos os seus TESOUROS.
Essa ideia de um rei/rainha de outras nações vindo a Israel para admirar os tesouros da sabedoria do seu Rei sempre povoou o imaginário judaico. Razão porque era popular nos dias do apóstolo Paulo o livro “Sabedoria de Salomão”, considerado um dos mais famosos livros deuterocanônicos da Bíblia do final do primeiro século. Em resumo, o livro é um convite aos governantes pagãos para olharem para a comunidade de Israel e aprenderem a governar com sabedoria. O amor de Yahweh e a resposta amorosa do seu rei e do seu povo a esse amor seria o maior tesouro que Israel teria a oferecer aos governos do mundo.
Paulo muito provavelmente tinha conhecimento desse livro. Não somente isso, quando ele escreve aos Efésios (3.8-13) ele parece utilizar palavras e expressões desse livro, mas dando-lhe outro significado. Agora por meio da Igreja, constituída dentre judeus e gentios, os principados e potestades, seja na dimensão terrena ou celestial, podem conhecer o tesouro da multiforme sabedoria de Deus, de acordo com o seu eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus. Isso implica que os governantes do mundo, caso queiram governar com sabedoria, poderia simplesmente olhar para a Igreja e perceber como Deus iniciou seu governo justo no mundo que terá sua consumação quando Ele renovar todas as coisas, céu e terra, e estabelecer seu governo de justiça através de Jesus, o Messias.
Há uma grande e poderosa lição aqui. A “igreja” (em aspas porque alguns grupos que se dizem igreja já não carregam mais qualquer marca ou qualidade do Evangelho de Jesus) não influenciará os governantes desse mundo pela sua capacidade de transitar nos corredores do poder, pela sua envergadura econômica, pela radicalização fiel a qualquer ideologia política, pela manipulação dos fiéis ou pelo preenchimento de cargos e funções supostamente em nome de uma missão dada por Deus.
A Igreja influenciará os governos deste mundo simplesmente por ser Igreja. Vivendo a realidade de um reino de justiça, proclamando e encarnando os conteúdos do Evangelho e revelando, no seu trato com os de dentro e os de fora, a multiforme sabedoria de Deus. Tendo Jesus como seu tesouro de insondáveis riquezas, a Igreja oferece ao mundo um modelo esperançoso de que o seu Rei e Senhor virá mais uma vez em glória e estabelecerá um novo céu e uma nova terra onde a habita a justiça.
;
As opiniões aqui expressas são de responsabilidade do seu idealizador.