Reportagem Especial
Questionada se ela acredita na recuperação, adolescente fez o gesto que mostra sua esperança – Fotos: Thonny Hill
Na tarde desta quinta-feira (05) nossa equipe de reportagem esteve no distrito de São Domingos, de Brejo das Madre de Deus. O objetivo foi trazer para nossos leitores a história comovente de uma adolescente de 12 anos vítima da violência, onde uma bala perdida lhe tirou a capacidade de andar e de falar.
Em virtude desse fato, a família também passou a precisar de ajuda financeira, já que o pai (gari) e mãe (doméstica e vendedora de cartelas do Caruaru da Sorte) se dividem entre os cuidados com a filha, a manutenção da humilde casa e também a busca pelo tratamento médico para as sequelas que ficaram.
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Entenda o caso:
De acordo com Edinaldo Santana de Lima (33 anos), pai de Sterfany de Lima Alves, a adolescente foi atingida na cabeça em 16 de dezembro, quando a família realizava uma festa em comemoração à aprovação da menina na escola.
O crime aconteceu em consequência de uma briga entre um sobrinho de Cristiane Siqueira Alves (mãe da adolescente) e outro jovem. No dia da festa, o pai, a mãe e outra sobrinha estavam em casa quando o sobrinho em questão foi chamado pela irmã para dentro do imóvel.
Em seguida, o jovem armado invadiu a casa e, de acordo com o pai, quatro disparos foram efetuados. Um desses tiros atingiu a adolescente, que estava sentada em uma cadeira.
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Os momentos de terror:
Edinaldo relembrou os momentos de desespero da família no momento do crime.
“Na hora que ele (o sobrinho da sua mulher) entrou para dentro de casa, parece que esse rapaz (o jovem armado) já estava na tocaia. Quando a gente menos pensou, só ouvimos os tiros e uma dessas balas atingiu a minha filha. Quando ela caiu, não vimos mais nada e nos desesperamos. Pedimos socorro e, ligeiramente, o genro da minha mulher pediu para levarmos ela na policlínica e só foi o tempo que deu. Pegamos ela e saímos correndo, as pressas” – disse.
Questionado sobre o alvo da tentativa, ele deu mais detalhes. A mãe não quis gravar com a nossa equipe, mas confirmou a versão dada pelo marido:
“O alvo seria ele porque, minutos atrás, parece que ele tinha pegado uma discussão com esse rapaz e esse rapaz parece que ele o tinha ameaçado e não conseguiu pegar. No pensamento dele, ele disse que iria pegá-lo. Foi quando ele invadiu a minha casa e começou a atirar. Na minha conta, foram quatro tiros” – pontuou o pai.
De acordo com pai, após ter sido levada à Policlínica e transferida pelo Samu, em estado grave, para o Hospital da Restauração (em Recife), Sterfany chegou a ficar sete dias em coma, respirando por aparelhos.
Segundo o pai, quando houve melhoras no quadro de saúde, a adolescente passou por uma cirurgia, mas não para retirada da bala.
“Depois que ela saiu da entubação, ela foi direto para a sala de cirurgia. A cirurgia que ela ia fazer só era para ajeitar o crânio, porque no local que a bala pegou, estragou muito a cabecinha dela. A bala continua alojada” – disse.
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Os problemas financeiros
Adolescente ao lado da mãe
De acordo com a mãe, em 11 de janeiro, a adolescente irá passar por novos exames para ver se a bala pode ou não ser retirada. Devido aos cuidados prestados, a mãe está sem poder trabalhar, já que, segundo a mesma, o tempo é usado para se dedicar aos cuidados das filhas, já que a outra tem apenas 11 anos.
Com a tragédia, a renda da família, que poderia chegar a quase dois salários mínimos, caiu consideravelmente já que, segundo o pai, a quantia de R$ 200 por mês tem que ser destinada mensalmente a outras duas filhas de outro relacionamento, devido a um acordo de pensão alimentar.
Ainda de acordo com o pai, a família tem vivido, desde então, com uma quantia aproximada de R$ 500,00 mensais, valor que considera insuficiente.
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A campanha feita em redes sociais
Mensagens com a campanha são compartilhadas em grupos de WhatsApp e Facebook
Alguns amigos e pessoas que conhecem a situação de dificuldade da família estão compartilhando, em redes sociais, mensagens com uma campanha solidária, para a arrecadação de doações.
De acordo com as mensagens, as doações podem ser feitas por meio de fraldas geriátricas tamanho G e também em embalagens de leite em pó. O pai falou também de seu apelo, na busca de donativos.
“Quem puder ajudar, o que Deus tocar no coração de cada um de vocês, a gente agradece muito. Só peço a Deus pela recuperação dela, pois sei que ela vai ficar boa. Só Deus que pode pagar, dar muitos anos de vida e felicidades a quem ajudar” – concluiu.
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As sequelas aparentes:
Quanto as sequelas aparentemente avistadas por nossa equipe, foi observado que a adolescente está com o lado direito do corpo, do pescoço para baixo, quase que totalmente paralisado e com poucas regiões de sensibilidade a estímulos, como o toque de outra pessoa ou objeto.
Já o lado esquerdo apresenta sensibilidade, mas em termos de movimentação, apenas a mão esquerda se mexe com certa mobilidade. A perna esquerda também se mexe, mas com bastante dificuldade. Aparentemente, apenas a mobilidade do pescoço não foi afetada.
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O tratamento necessário segundo os pais:
Quanto ao tratamento, os pais falaram que Sterfany vai precisar do acompanhamento médico de dois profissionais: um fisioterapeuta (para tentar recuperar a parte motora) e um fonoaudiólogo (para tentar recuperar a voz).
No momento da gravação da entrevista, a adolescente (que aparenta não ter ficado com sequelas cognitivas) observava atentamente, chegando a interagir em alguns momentos com leves gestos.
Pedimos para ela dizer se estava compreendendo tudo o que se passava e um sinal de positivo com a mão foi realizado.
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Como ajudar:
Família reside em local humilde no distrito brejense
Para quem se dispor a ajudar com doações a família, basta se dirigir a Travessa Amaro Pereira Muniz – 160, em São Domingos ou falar com o pai da adolescente para maiores informações. Os números de telefone do mesmo são: (81) 9-9180-5829 e 9-8987-8794.